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Artigo 

Artigo: Vieira, A., Rodrigues, L. and Barbosa, M.-L. (2025), Measuring Change in Institutional Diversity in Higher Education in Brazil. Higher Educ Q, 79: e70022. https://doi.org/10.1111/hequ.70022

Artigo: Vieira, A., Rodrigues, L. and Barbosa, M.-L. (2025), Measuring Change in Institutional Diversity in Higher Education in Brazil. Higher Educ Q, 79: e70022. https://doi.org/10.1111/hequ.70022

​Resumo sobre o artigo

O estudo publicado no periódico internacional Higher Education Quarterly analisa de que forma a expansão do ensino superior no Brasil tem transformado as dinâmicas de funcionamento das instituições. A pesquisa parte da ideia de que as instituições de ensino superior (IES) operam com diferentes lógicas — por exemplo, algumas mais voltadas à produção de conhecimento e ao interesse público, outras mais próximas ao funcionamento do mercado. Utilizando uma técnica estatística chamada análise de perfis latentes e dados administrativos de todas as IES brasileiras em 2010 e 2019, os autores identificaram nove grupos distintos de instituições com base em suas características organizacionais e de funcionamento. As mudanças ocorridas no sistema brasileiro no período mostram que pequenas faculdades privadas estão combinando modelos diversos de funcionamento, misturando características acadêmicas e de mercado. Ao mesmo tempo, um número menor de instituições privadas com fins lucrativos, mas com grande quantidade de alunos, tem reforçado práticas voltadas à lógica do mercado, como a oferta de cursos rápidos e de menor custo. Por outro lado, universidades voltadas à pesquisa permanecem como um grupo mais estável e com identidade bem demarcada. Ao adotar uma visão ampla sobre o papel das instituições de educação superior, o estudo ajuda a entender melhor como o sistema tem mudado e se tornado mais diverso com o passar do tempo.

​Resultados encontrados

2. Reforço da lógica de mercado: Um número pequeno de instituições privadas com fins lucrativos, mas com grandes volumes  de matrículas, intensificou práticas voltadas à lógica de mercado, como a ênfase na oferta de cursos de curta duração e  educação a distância.

1. Os principais resultados destacam três tendências:​Hibridização de lógicas institucionais: Pequenas instituições privadas vêm combinando características de diferentes modelos de funcionamento, em resposta a mudanças regulatórias e às demandas do mercado.​

 3. Estabilidade entre universidades de pesquisa: As universidades públicas e privadas de perfil mais acadêmico — aquelas que integram mais fortemente ensino, pesquisa e extensão — compõem um grupo relativamente estável, mas que tem       perdido espaço relativo no sistema.

​Os dados também mostram que a maioria das instituições criadas entre 2010 e 2019 foram classificadas no grupo de “instituições distribuídas e multifuncionais”, caracterizadas por oferecerem uma grande diversidade de cursos e atividades acadêmicas, mas com pouca presença da educação a distância.

​​​​​​​​​​​​Próximos passos da pesquisaOs autores destacam a necessidade de aprofundar o entendimento sobre a relação entre os diferentes perfis institucionais e indicadores de qualidade, inclusão social e investimento em ciência e tecnologia. Entre os principais pontos a serem desenvolvidos estão:

​1. Investigar a seletividade acadêmica e socioeconômica entre os diferentes perfis institucionais

 

O artigo aponta a limitação de dados públicos que permitam avaliar com precisão o grau de seletividade acadêmica e o perfil socioeconômico dos estudantes atendidos por cada grupo de instituição, incluindo públicas e privadas. Com esses dados, seria possível entender melhor como os diferentes tipos de instituições contribuem — ou não — para a democratização do acesso à educação superior e para a mobilidade social.

2. Analisar em profundidade o papel dos conglomerados educacionais com fins lucrativos

 

O estudo identifica um pequeno grupo de instituições privadas com fins lucrativos que concentram grande parte das matrículas no ensino a distância e reforçam a lógica de mercado. Contudo, os autores reconhecem que ainda falta conhecimento mais detalhado sobre o funcionamento desses conglomerados — a sua heterogeneidade interna, como tomam decisões, quais estratégias utilizam e como se relacionam com as políticas públicas.

3. Relacionar os diferentes perfis institucionais a indicadores de qualidade, ciência e inclusão

 

A análise atual se concentra em características organizacionais e funcionais das instituições, mas os autores propõem como desdobramento investigar como essas características se relacionam com os resultados concretos das instituições. Por exemplo, instituições mais híbridas têm melhor desempenho em qualidade de ensino? Qual perfil mais investe em pesquisa e inovação? E qual contribui mais para inclusão de estudantes de grupos historicamente excluídos?

Impacto social dos resultados encontrados

Os achados da pesquisa têm grande relevância para o debate sobre o futuro da educação superior no Brasil. Ao mostrar que a diversidade de tipos institucionais cresceu ao longo da última década, o estudo revela uma paisagem mais complexa e multifacetada no setor. No entanto, essa diversidade ocorre paralelamente a um processo de forte concentração de matrículas em poucos modelos educacionais — principalmente em instituições privadas com fins lucrativos que operam segundo uma lógica de mercado. Essa combinação traz um alerta importante: a possibilidade de aprofundamento das desigualdades no acesso e na qualidade da educação, com consequências diretas para a mobilidade social dos estudantes. O estudo também evidencia o desafio de preservar o papel das universidades públicas e privadas voltadas à pesquisa — instituições que integram ensino, ciência e compromisso social — em um contexto cada vez mais marcado por pressões por escala, custo e eficiência. Essas universidades, embora relativamente estáveis, vêm perdendo espaço no sistema e correm o risco de se tornarem exceções, comprometendo a ampliação do acesso a um modelo mais integrado de educação.

​​​​​​​​​​​​​Além disso, a análise contribui com elementos empíricos importantes para o desenho de políticas públicas que valorizem a pluralidade de funções das instituições de ensino superior, respeitando suas especificidades e as diferentes missões que se propõem a seguir. Nessa direção, os autores do estudo estão atualmente colaborando com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) em um acordo de cooperação técnica para propor novos indicadores de eficiência para o sistema de educação superior brasileiro. Esses indicadores permitirão compreender, com base em dados públicos oficiais, como o funcionamento dos diferentes tipos de instituições impacta os percursos estudantis — desde o acesso até a conclusão da graduação, incluindo aspectos como retenção e evasão. A proposição desses indicadores é essencial para responder a perguntas centrais para o planejamento de políticas públicas: quais modelos institucionais são mais inclusivos? Como diferentes estruturas institucionais influenciam as trajetórias dos estudantes na educação superior?

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